Atualizado: 11/03/2012 08:38
Índios vendem direitos sobre terras na Amazônia
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Por US$ 120 milhões, índios da etnia mundurucu venderam a uma empresa estrangeira direitos sobre uma área com 16 vezes o tamanho da cidade de São Paulo em plena floresta amazônica, no município de Jacareacanga (PA). O negócio garante à empresa 'benefícios' sobre a biodiversidade, além de acesso irrestrito ao território indígena.
No contrato, ao qual o Grupo Estado teve acesso, os índios se comprometem a não plantar ou extrair madeira das terras nos 30 anos de duração do acordo. Qualquer intervenção no território depende de aval prévio da Celestial Green Ventures, empresa irlandesa que se apresenta como líder no mercado mundial de créditos de carbono.
Sem regras claras, esse mercado compensa emissões de gases de efeito estufa por grandes empresas poluidoras, sobretudo na Europa, além de negociar as cotações desses créditos. Na Amazônia, vem provocando assédio a comunidades indígenas e a proliferação de contratos nebulosos semelhantes ao fechado com os mundurucus. A Fundação Nacional do Índio (Funai) registra mais de 30 contratos nas mesmas bases.
Só a Celestial Green afirmou ter fechado outros 16 projetos no Brasil, que somam 200 mil quilômetros quadrados. Isso é mais de duas vezes a área de Portugal ou quase o tamanho do Estado de São Paulo. A terra dos mundurucus representa pouco mais de 10% do total contratado pela empresa.
'Os índios assinam contratos muitas vezes sem saber o que estão assinando. Ficam sem poder cortar uma árvore e acabam abrindo caminho para a biopirataria', disse Márcio Meira. 'Temos de evitar que oportunidades para avançarmos na valorização da biodiversidade disfarcem ações de biopirataria', reagiu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O principal executivo da Celestial Green, Ciaran Kelly, afirma que todos os contratos da empresa com comunidades indígenas passam por um 'rigoroso processo de consentimento livre, prévio e informado', segundo normas internacionais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Absurdo total!!!
ResponderExcluirOu a empresa estrangeira está envolvida com o governo brasileiro, ou tem gente grande vendando os olhos dos indígenas!!
O indígena brasileiro é "tutelado" pelo Governo Federal, isto é, temos o livre acesso dentro de nossos territórios, onde podemos usufruir de acordo com a necessidade da nossa população.
Há algum tempo alguns indígenas ligados a grandes organizações estão tentando mudar um dos artigos do Estatuto do Índio, o qual somos vistos como tutelados. Esta "tutela", na verdade, garante a todas as populações indígenas do Brasil o usofruto sobre a terra, mas o Governo Federal deixa bem claro que a terra pertence à União, e enquanto houver indígena nela não há lei que tire este direito.
Participando de um dos GTs (Grupo de Trabalho) do Estatuto do Índio, muito foi discutido no que diz respeito à "tutela", uns querem a todo custo
acabar com ela querendo o poder de decisão sobre a terra. Eu particularmente opinei por manter a "tutela" apenas mudando este título imposto desde à década de 70, para "proteção especial".
Segue abaixo alguns trechos da Lei No. 6001 - Estatuto do Índio
Título III
Capítulo I
Art.18° As terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que restrinja o pleno exercício da posse direta pela comunidade indígena ou pelos silvícolas.
CAPÍTULO I I
Das terras Ocupadas
Art.22° cabe aos índios ou silvícolas a posse permanente das terras que habitam e o direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes.
Parágrafo único. As terras ocupadas pelos índios, nos termos deste artigo, são bens inalienáveis da União (artigos 4º, IV, e 198 da Constituição Federal).
Portanto cabe à União tomar imediatamente providências para reparar este "negócio" realizado às escuras! Ou o Governo Federal está sendo conivente com a venda terras que pertencem a União?!!!
Caso medidas não sejam tomadas muitas terras indígenas que estão em processo de demarcação serão prejudicadas, pois abrirá um precedente para aquela famosa pergunta: "Para que o índio quer tanta terra?", ou mesmo, darão o direito a outros povos fazer o mesmo, indo em total desencontro com os conhecimentos tradicionais.
Para completar minha indignação, coloco à vocês o que aprendemos desde pequenos perante às nossas tradições.
"Os mais velhos já diziam, a terra não tem dono, não pertence a ninguém, pertence ao Criador de todas as coisas, Nhanderú Nhandedjairy, apenas o que está sobre ela que devemos cuidar e cultivar como modo de subsistência, respeitando a Mãe Natureza que nos fornece o necessário para a vida. "
Cacique Ubiratã
Awá M'Baretédjú